126.
        
      
      
        
           VASOS (DOIS)
        
      
      
        PORCELANA DECORADA A AZUL E VERMELHO-COBRE SOB
      
      
        O VIDRADO
      
      
        FORNOS DE JINGDEZHEN, PROVÍNCIA DE JIANGXI
      
      
        DINASTIA QING, PERÍODO DE KANGXI (1662-1722)
      
      
        ALT. 91 CM; DIÂM. BOCA 16,2 CM; DIÂM. BASE 23,5 CM
      
      
        (693/1)
      
      
        ALT. 93 CM; DIÂM. BOCA 15,9 CM; DIÂM. BASE 23 CM
      
      
        (693/2)
      
      
        INV. N.
      
      
         OS
      
      
         693/1 E 693/2
      
      
        Vasos em forma de cabaça com tampa de
      
      
        encaixe cupuliforme com dois degraus, aba
      
      
        plana e oblíqua de bordo recortado em nove
      
      
        chavetas, rematando no topo com pega em
      
      
        cabaça, executados em porcelana branca
      
      
        revestida de vidrado azulado, à excepção do
      
      
        anel do pé, base, encaixe e interior da aba
      
      
        das tampas.
      
      
        A decoração de ambos os vasos é pintada a
      
      
        azul-cobalto e vermelho-cobre sob o vidrado,
      
      
        com colar de folhas pontiagudas pendentes,
      
      
        quatro grandes, polilobadas, alternando com
      
      
        quatro de um só lóbulo, todas com largo
      
      
        contorno azul, preenchidas com peónias e
      
      
        folhagem pintada em vermelho-cobre sobre
      
      
        campo azul com folhagem e botões florais
      
      
        reservados a branco. Sob esta decoração
      
      
        principal, que se repete nos dois bolbos que
      
      
        compõem os vasos, desenvolve-se um friso
      
      
        com quatro medalhões em forma de folha,
      
      
        encerrando padrão similar aos anteriores,
      
      
        encimados por lótus estilizados, pintados em
      
      
        vermelho-cobre, interligados por flores de
      
      
        lótus estilizadas.
      
      
        A cintura de cada vaso é acentuada por
      
      
        cercadura de motivos geométricos, sugerindo
      
      
        muro, com quatro reservas oblongas
      
      
        contornadas lateralmente a azul mais escuro.
      
      
        Estas contêm, no vaso 693/1, folha de
      
      
        artemísia, paisagem com flores, leque e
      
      
        paisagem com lótus e, no vaso 693/2, livros,
      
      
        duas paisagens com flores e ceptro de 
      
      
        
          ruyi
        
      
      
        .
      
      
        O topo do bolbo inferior e o bordo de ambos
      
      
        os vasos são rodeados por cercadura de fita
      
      
        ondulante formando triângulos. As tampas
      
      
        retomam a decoração do corpo, mas
      
      
        apresentam diferenças entre si relativas às
      
      
        pegas: no vaso 693/1, a decoração é
      
      
        totalmente a azul, mostrando o alvéolo
      
      
        superior uma corola, enquanto no vaso 693/2
      
      
        o topo é azul e a corola sugerida por traços
      
      
        brancos e a decoração da secção inferior é a
      
      
        azul e vermelho, como no resto do corpo.
      
      
        O pote n.º 693/1 é marcado com um traço a
      
      
        tinta preta na base e o n.º 693/2 com três
      
      
        traços, provavelmente, o n.º 1 e 3 em chinês.
      
      
        A decoração destes vasos combina duas
      
      
        cores de grande fogo, o azul-cobalto e o
      
      
        vermelho-cobre, pelo que ambos foram
      
      
        pintados sobre o corpo da porcelana,
      
      
        recebendo posteriormente o vidrado e
      
      
        cozidos apenas uma vez a alta temperatura.
      
      
        Ambos os pigmentos foram adicionados aos
      
      
        vidrados de chumbo no decorrer da dinastia
      
      
        Han, produzindo o vermelho-cobre a cor
      
      
        verde quando cozido a baixa temperatura
      
      
        numa atmosfera por oxidação. Só na dinastia
      
      
        Tang se usou pela primeira vez a técnica de
      
      
        cozer o vermelho-cobre a alta temperatura
      
      
        numa atmosfera por redução. Nos finais do
      
      
        século XIV e inícios do século XV, a decoração
      
      
        a vermelho-cobre sob o vidrado era comum,
      
      
        mas as dificuldades encontradas,
      
      
        nomeadamente no decorrer da cozedura
      
      
        desta cor, levaram à sua substituição pelo
      
      
        esmalte sobre o vidrado. Durante os séculos
      
      
        XV e XVI, o vermelho-cobre foi raramente
      
      
        usado, começando a reaparecer gradualmente
      
      
        na primeira metade do século XVII. 
      
      
        No reinado de Kangxi, o vermelho-cobre
      
      
        passou a ser usado em maior escala, quer
      
      
        isoladamente sobre um número muito
      
      
        reduzido de peças, quer associado ao azul
      
      
        sob o vidrado, como é o caso destes vasos,
      
      
        onde o vermelho-cobre foi usado
      
      
        intencionalmente na composição decorativa.
      
      
        Estas peças constituem também um bom
      
      
        exemplo da dificuldade em controlar o
      
      
        vermelho-cobre, muito mais volátil do que o
      
      
        azul-cobalto, já que, apesar do cuidado posto
      
      
        na decoração e de a quantidade do pigmento
      
      
        de cobre usado na pintura nos parecer mais
      
      
        ou menos da mesma espessura, a sua cor
      
      
        varia entre o vermelho e o castanho-escuro.
      
      
        É raro encontrarem-se vasos com estas
      
      
        dimensões e com esta forma no reinado de
      
      
        Kangxi. Só são conhecidos mais cinco vasos
      
      
        com forma, dimensão e decoração
      
      
        semelhantes a estes exemplares, e dois mais
      
      
        pequenos com decoração e colorido
      
      
        similares, todos provenientes da vasta e
      
      
        magnífica Colecção de Augusto, 
      
      
        
          o Forte
        
      
      
        (1670-1733), hoje no Zwinger, em Dresden, 
      
      
        os quais estão registados no inventário de
      
      
        1721 com o n.º 10 vvv, do grupo “Blau und
      
      
        Weiss Ost Indish”, onde não havia distinção
      
      
        entre a porcelana chinesa e japonesa. 
      
      
        No Museu de Artes Decorativas de Madrid
      
      
        existem uns jarrões com decoração 
      
      
        similar.
      
      
        Proveniência: Colecção particular italiana
      
      
        
          300 .
        
      
      
         PORCELANA DA DINASTIA QING (1644-1911)