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148.
JARROS (DOIS)
PORCELANA COM DECORAÇÃO RELEVADA E PINTADA
COM ESMALTES DA “FAMÍLIA VERDE”
FORNOS DE JINGDEZHEN, PROVÍNCIA DE JIANGXI
DINASTIA QING, PERÍODO DE KANGXI (1662-1722),
C. 1700-1720
ALT. 22 CM; COMP. 18,5 CM
INV. N.
OS
652/1 E 652/2
Jarros em forma de animal mitológico, em pé,
sobre as quatro patas, com cabeça levantada,
olhos protuberantes, sobrancelhas e juba
acentuadas por saliências em relevo, com
boca aberta e dentes visíveis e, entre estes,
um pequeno bico em forma de S, orelhas
para trás e, entre elas, um único chifre no
topo da cabeça, o carácter
wang
(soberano)
sobre a testa, e pequena cauda, levantada e
oca.
Cada animal é ricamente decorado com
esmaltes da paleta da “família verde”: verde,
vermelho-ferro, amarelo e beringela com
espirais em vermelho-ferro, provavelmente
sugerindo escamas. As chamas, que cobrem
os ombros e as ancas, são moldadas em relevo
e pintadas com três dragões
chilongs
, dois
em tons de amarelo e um em beringela, e um
raminho de
lingzhi
sobre fundo verde ponteado
de preto. As escamas do peito são sugeridas
por bandas moldadas em relevo e pela cor.
Não é claro qual o animal representado, pois
apresentam características comuns ao leão,
como o corpo, a cabeça, as patas, as garras e
a cauda, mas o chifre da cabeça, as escamas
moldadas no peito e os tufos espiralados, que
podem sugerir o escamado do corpo, são
mais próximos do
qilin
.
Para autores como Margaret Medley, estamos
perante um
qilin
, pois considera que este
animal fabuloso, por vezes chamado
unicórnio, pode ser “leonino com escamas e
chifres, ou pode ser um elegante animal com
cascos fendidos, com ou sem escamas, com
juba e cauda fartas e um chifre ou um par de
chifres” 1 .
Esta forma particular de
qilin
(?) deriva
directamente de uma forma de bronze
produzida na dinastia Ming, do século XV ao
século XVII 2 , para o mercado interno.
Também são conhecidos exemplares com
cabeças amovíveis em
céladon
de Longquan,
da dinastia Ming, e em porcelana azul e
branca do período de Wanli (1573-1619). Mas
a discussão sobre quando se desenvolveram
primeiro estes jarros em forma de animal
mitológico com cabeças amovíveis ou
articuladas continua por apurar 3 . Embora se
tenham produzido modelos de porcelana
com diferentes decorações no decorrer do
reinado Kangxi, o desenho do presente par
de
qilins
(?) inspirou-se nos desenhos
delicadamente moldados dos bronzes 4 .
Os poucos exemplos registados feitos em
porcelana, no período de Kangxi, apresentam
cabeças amovíveis, enquanto os presentes
constituem uma peça única.
A presença de dois bicos: a cauda oca que
poderia servir, eventualmente, para
introdução e escoamento, e o bico
propriamente dito, que seria para verter o
líquido, sugere que as peças tivessem a
função de jarros.
Conhece-se um exemplar semelhante,
publicado em
Ausstellung Chinesischer
Kunst
5 , um
qilin
em verde, amarelo e
beringela na Colecção Anthony de
Rothschild 6 , e um outro vidrado de verde na
Colecção Baur, Genebra 7 , e exemplares em
blanc de Chine,
em Hampton Court 8 .
Um par de vasos semelhantes pertenceu à
Colecção Pierpont Morgan e, posteriormente,
à Colecção de Corina Kavanagh. Gristina
ilustra um par de incensórios similar 9 .
1 Medley, 1964, p. 91.
2 Gristina, 2003, p. 44, n.º 18.
3 Londres, 1968, n.º 232.
4 Krahl, 1996, vol. II, pp. 406-407, n.º 228.
5 Berlim, 1929, p. 334, fig. 906.
6 Krahl
, ibidem.
7 Ayers, 1974, vol. IV, n.º A 546.
8 Donnelly, 1969, p. 181, fig. 113A.
9 Gristina,
ibidem
.
334 .
PORCELANA DA DINASTIA QING (1644-1911)