18 .
PORCELANA DA CHINA COM FORMAS OCIDENTAIS
192.
JARRO PARA VINHO
PORCELANA DECORADA COM ESMALTES VERMELHO-
-FERRO, VERDE E OURO
DINASTIA QING (1644-1911), C. 1710-1725
ALT. 22,5 CM; DIÂM. BOCA 3,9 CM; DIÂM. BASE 6,1 CM
INV. N.° 646
Jarro em forma de dupla cabaça com asa
encurvada, bico em forma de S alongado,
tampa de encaixe cupuliforme sobrepujada
por cabaça miniatura como pega, sobre pé
muito curto, de porcelana branca revestida
de vidrado esverdeado muito suave, excepto
na extremidade do pé.
A decoração do corpo do jarro consiste em
fitas rosadas contornadas por linhas em
vermelho-ferro escuro, em espiral, partindo
do círculo do topo da tampa para o pé, sendo
apenas interrompidas por uma cercadura de
fita ondulante desenhando motivos
triangulares em vermelho-ferro escuro, na
cintura entre os lóbulos. A asa e o bico são
esmaltados de verde e pintados com nuvens
vermelhas. As ligações da asa e do bico ao
corpo são acentuadas por enrolamento
clássico. A base é marcada com duplo círculo
a azul sob o vidrado azulado.
A decoração espiralada deste jarro é rara.
Para alguns autores, ela deriva de uma peça
de vidro veneziano ou islâmico, decorada
com bandas coloridas 1 . Para outros,
provavelmente deriva do tipo de vidro leitoso
(
latticino
) veneziano do século XVII, no qual o
esmalte branco opaco era aplicado em “fio”
sobre o vidro ainda maleável, que se movia
de modo a criar um efeito de espiral 2 .
A simplicidade da decoração, a sua adaptação
perfeita à forma e o leve tom do vidrado
conferem à peça uma certa modernidade.
O tipo de decoração deste exemplar, o único
conhecido com esta forma, também está
presente em duas garrafas da Colecção de
Augusto,
o Forte
, já registadas no inventário
de 1721, hoje no Zwinger, Dresden 3 ; numa
garrafa no Museum Boijmans Van Beuningen,
Roterdão 4 ; numa no Lindenau-Museum,
Altenburg 5 ; num exemplar do Metropolitan
Museum of Art, Nova Iorque; e em duas
garrafas da Colecção Hodroff no Henry
Francis du Pont Winterthur Museum,
Delaware 6 (volume III).
1 Jörg, 1995, p. 60, n.º 24.
2 Ströber, 2001, p. 84, n.º 35.
3 Idem
, ibidem
, pp. 84-85.
4 Jörg,
ibidem
, pp. 59-60.
5 Holter, 1998, n.º 86.
6 Fuchs II, 2005, pp. 166-167, n.º 106.