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193.
GARRAFAS (TRÊS)
PORCELANA BRANCA DECORADA A AZUL SOB O VIDRADO
FORNOS DE JINGDEZHEN, PROVÍNCIA DE JIANGXI
DINASTIA QING, PERÍODO DE KANGXI (1662-1722), INÍCIO
DO SÉCULO XVIII
ALT. 19,8 CM; DIÂM. BOCA 2 CM; DIÂM. BASE 5 CM
(N.º 620/1)
ALT. 20,4 CM; DIÂM. BOCA 1,8 CM; DIÂM. BASE 5,9 CM
(N.º 620/2)
ALT. 21,5 CM; DIÂM. BOCA 1,6 CM; DIÂM. BASE 4,9 CM
(N.º 620/3)
INV. N.º 620
Três garrafas com corpo esférico, gargalo
cilíndrico, alto e estreito, sobre pequeno pé,
executadas em porcelana muito branca e fina
revestida de vidrado quase incolor.
A decoração, requintada e harmoniosa, foi
cuidadosamente pintada em dois tons de
azul-safira sob o vidrado com meandros de
finas e frondosas hastes, com flores no corpo
e no gargalo. No ombro, rodeando a base do
gargalo, cercadura de fundo azul com
motivos florais e vegetalistas brancos
obtidos por reserva. No bordo, cercadura de
ondas semeadas de corolas brancas. As três
garrafas ostentam na base a maiúscula G a
azul sob o vidrado e o número de inventário
da colecção de que provêm, manuscrito a
tinta da China “TH 27” (n.º 620/3), “TH 138”
(n.º 620/1), e “TH 139” (n.º 620/2).
A letra G aparece tanto em peças azuis e
brancas como em exemplares decorados com
esmaltes da “família verde”: garrafas 1 e
artigos de chá, como bules, taças e pires 2 .
O uso da maiúscula G continua a ser um
enigma. Alguns autores, pelo facto de as
garrafas conhecidas e de o
punch pot
azul e
branco da colecção em Burghley House,
Stamford, Lincolnshire, marcados com aquela
inicial, serem de alta qualidade, sugerem que
as porcelanas fossem de um grau superior e
feitas talvez para um distinto membro da
Companhia das Índias Orientais, um
mercador privado ou alguma alta
individualidade em Inglaterra ou nos Países
Baixos 3 . Para outros autores, estas garrafas e
artigos de chá eram provavelmente
encomendados por um europeu que usava a
sua inicial como marca de posse 4 .
É importante referir que a mesma letra se
encontra na base de um prato de faiança azul
e branca portuguesa do 1.º quartel do século
XVII, a imitar
kraak porselein
, o que torna
ainda mais difícil a identificação do mercado
a que se destinava (Fig. 44) e que afasta a
hipótese de, eventualmente, estar
relacionado com o G maçónico.
A fonte de inspiração da forma destas
garrafas também tem suscitado opiniões
diferentes. Para uns, foram inspiradas em
protótipos ocidentais de vidro,
provavelmente para conterem as chamadas
bebidas brancas 5 , para outros, estas garrafas,
também chamadas
point bottles
, derivam
de antigos “asperjadores de água de rosa” –
conhecidos em Portugal com o nome de
piveteiros – em metal e vidro do Próximo
Oriente 6 .
O desenho da decoração também aparece
pintado com esmaltes da paleta da “família
verde”, como se pode ver, por exemplo, na
garrafa com a mesma forma, padrão
decorativo e marca da Colecção Koger 7
e num par da Colecção Tectus 8 .
No Rijksmuseum de Amesterdão existe uma
garrafa semelhante a esta na forma,
decoração e dimensões, e um par decorado
com esmaltes da “família verde” 9 .
Proveniência:
Condessa Anita von Zichy-Thyssen de Zich
Publicadas em:
Bushell e Laffan, 1907, pl. VIII
1 Jörg, 1997, p. 260, n.º 299; Cincinnati, 1995, p. 651.
2 Jörg,
ibidem
, p. 259, n.º 298.
3 Gray, catálogo III, p. 49, fig. 51.
4 Jörg,
ibidem
, p. 259, n.º 298.
5 Idem,
ibidem
, p. 259, n.º 298.
6 Cincinnati,
ibidem.
7 Ayers, 1985, p. 142, n.º 113.
8 Engel e Petzäll, 1991, pp. 248-249, n.º 103.
9 Jörg,
ibidem
, pp. 259-260, n.
os
298 e 299.
20 .
PORCELANA DA CHINA COM FORMAS OCIDENTAIS
Fig. 44. Prato
Faiança decorada a azul sob o vidrado
Lisboa, c. 1620-1640
Colecção RA, inv. n.º 1050