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sobre ele as armas já descritas, uma banda
fina de folhagem verde, no topo da caldeira,
e uma grinalda contínua de flores em rosa-
-lavanda.
Estas armas são as da família Asteguieta,
uma família nobre da cidade basca de
Legarda, na paróquia de Foronda. Tal como se
encontram ordenadas, não correspondem às
armas descritas como sendo as do apelido
Astiguiea, ou Astigueta, em dois dos
armoriais consultados. Num deles encontra-
-se para este apelido – sem referência a
cores heráldicas ou, na sua ausência, ao
código do Padre Pietra Santa – o seguinte
ordenamento – Partido: 1.º – Três cruzes
postas em pala e bordadura carregada com
quinze aspas 2 ; 2.º – Nove “panelas” (peças
em forma de folha ou coração) dispostas em
faixa e alinhadas em pala 3, 3, 3 3 . Bordadura
carregada de doze aspas. No segundo, a
leitura heráldica é como segue: Asteguieta –
Basco – Álava. Partido: 1.º – De prata, três
cruzes flordelisadas de vermelho, postas em
pala. Bordadura de azul carregada de quinze
aspas de ouro; 2.º – De verde, com nove
“panelas” de prata postas em faixa e
alinhadas em pala 3, 3, 3. Bordadura de ouro
carregada de doze aspas de vermelho 4 .
Ainda que estas armas não correspondam,
parece não haver engano que as
representadas na peça, mesmo com
eventuais incorrecções, representam as
armas da família Asteguiea, como inscrito no
listel.
As armas presentes nas peças em apreço
foram atribuídas a Pedro Lamberto de
Asteguieta, nascido em Foronda (Álava), em
17 de Setembro de 1706, morrendo em
Manila, sem sucessão, em 30 de Dezembro
de 1774. Em 1723, partiu para a Nova
Espanha, onde trabalhou para o marquês de
Santa Fé, de Guardiola, encontrando-se já,
pelo menos desde 1742, em Manila, onde se
dedicou ao comércio. Foi também cônsul
durante dois anos no Real Consulado de
Manila, instituição que sempre defenderá o
comércio tradicional com Acapulco 5 .
No serviço feito para esta família espanhola,
compreendendo duzentas e quarenta peças,
havia pelo menos três terrinas em forma de
animal ostentando o brasão de armas,
incluindo este galo, um ganso e uma cabeça
de javali, todos com as respectivas
travessas 6 .
As terrinas em forma de animal, de
manufactura chinesa, são inspiradas em
protótipos de faiança europeus produzidos
na fábrica de Estrasburgo, quando era seu
director Paul Hannong, em Meissen por J. J.
Kaendler, em Höchst, Chelsea, Holitsch na
Hungria, e também em Portugal, na Real
Fábrica de Louça, ao Rato, no decorrer do
período do seu primeiro director, o italiano
Tomas Brunetto.
Howard sugere que muitas terrinas
brasonadas deste tipo se destinavam aos
mercados português e espanhol.
Existe uma terrina em forma de galo
semelhante a esta mas com a sua travessa
decorada com um galo diferente, ostentando
ambas as armas da família Bermúdez, da
Galiza 7 , agora atribuídas por Rocío Díaz a
José Antonio Armona 8 ; uma provavelmente
feita do mesmo molde mas sem armas e
decorada numa paleta ligeiramente diferente,
no Peabody Essex Museum, Salem,
Machachusetts 9 , e uma outra na Colecção
John T. Dorrance Jr.
É conhecida uma outra terrina em forma de
galo e sem brasão numa colecção particular
portuguesa 10 , e uma travessa pintada com
um galo suportando um cesto com flores
sobre o dorso numa colecção particular 11 .
Proveniência:
Colecção Robert e Melanie Gill, EUA
Publicadas em:
Du Boulay, 1984, pp. 302-303, n.º 1
1 Leitura heráldica por MLCB.
2 Crespo, 1984, pp. 378 e 467, n.º 101.
3 Idem,
ibidem,
p. 105.
4 Gonzalez-Doria, 1994, II parte, p. 428.
5 Sobre o assunto, ver Rocío Díaz,
Porcelana china
para España
, a publicar em 2010.
6 Boulay, 1984, pp. 302-303, n.º 1.
7 Sargent, 1991, pp. 209-211, n.º 101.
8 Sobre o assunto, ver Rocío Díaz,
Porcelana china
para España
, a publicar em 2010.
9 Sargent,
ibidem.
10 Antunes, 1998, p. 270, n.º 89.
11 Mudge, 1986, p. 80, n.º 123.
270 .
PORCELANA DA CHINA ARMORIADA